de Max Lucado

 

Pode culpar Copérnico. O mundo estava balançando bonzinho até que ele veio em 1543 e anunciou que o sol, e não a Terra, era o centro do sistema solar.

 

Ptolomeu tinha convencido o mundo do contrário, e durante 1400 anos nós acreditamos que éramos o centro de atividade. Era uma posição invejável. Os pais poderiam apontar para o céu noturno, pôr os braços deles ao redor do ombro de seu filho e proclamar, “Nós estamos no centro de tudo.”

O centro da roda planetária, o umbigo do corpo celeste, a Praça dos Três Poderes do universo. Deixe os outros planetas orbitando como forasteiros pelos céus, a gente não. De jeito nenhum. Nós estávamos aqui ontem; nós estaremos aqui amanhã. Tão previsível quanto o Natal.

Não só estávamos no meio de tudo, nós éramos a âncora de tudo. Ptolomeu visualizou uma Terra imóvel. Uma pedra de estabilidade entre orbes esquizofrênicos. Sabe-se que alguns planetas estão tão mal-humorados que farão uma volta de 180 graus de um dia para o outro. A Terra não. Nem pensar. A rocha de Gibraltar não se move e a Terra não vira. Nós somos o centro e a âncora do universo.

Daí veio Nicolau. Nicolau Copérnico com seus mapas e desenhos e nariz ósseo e sotaque polonês. Ele nos bate em nossos ombros coletivos, clareia a garganta e diz, “Com licença, eu sinto muito ser a pessoa para dar as notícias. Mas o centro de nosso sistema solar é lá fora.” E erguendo um dedo solitário ele apontou para a estrela mais luminosa: o sol.

O anúncio não foi bem recebido. Pessoas naquela época não receberam bem uma rebaixada. Nós ainda não gostamos. Nós ainda preferimos pensar que o universo revolve ao nosso redor. E nós não gostamos de ser informados do contrário. Mas não é esta a mensagem da Bíblia? Não é que Deus faz o que o Copérnico fez? Batendo o ombro coletivo da humanidade ele aponta para o Filho, o Filho dele, e diz, “Veja o centro de tudo.”

Deus “ressuscitou a Jesus dos mortos e o fez sentar à sua direita nos céus. Deus colocou a Cristo acima de todos os poderes, autoridades, forças e reis e acima de todo título de poder que possa ser dado, tanto nesta época como também na que vai chegar.” (Efésios 1:20-21 Versão Fácil de Ler)

Por um lado, esta notícia traz grande alívio. Desde que você não é mais o centro do universo, você já não sente o peso do mundo em seus ombros. Mas, por outro lado, a transição de egocêntrico para Cristo-cêntrico é o desafio mais duro que nós enfrentaremos. Há um pouco de Ptolomeu em todos nós.

Se Cristo for o centro, tudo muda. Não mais você vive para se servir, você vive para O servir. Você se esforça, não para realizar a sua vontade, mas a dEle. Nunca mais você exige sua preferência, mas você busca a preferência dEle. Sua meta não é seu prazer, mas a honra dele. Você não é mais o mestre de seu domínio; é Deus. Sua primeira pergunta não é, “O que é que eu quero fazer hoje?” Mas, “O que é que Deus está fazendo e como é que eu posso fazer parte disto?”

Não é sobre eu e você. É tudo sobre Ele.
Pense numa virada de Copérnico! Mas, pense numa virada necessária.

Pense nas conseqüências do conceito de Terra-plana. Você não acha que Ptolomeu enfrentou algumas perguntas duras? E a menor delas não foi sobre as mudanças de estações e a localização das estrelas. Se você compreende a Terra como um pires imóvel quando é de fato um orbe giratório, você tem algumas dificuldades na ordem das ciências naturais.

E, se você se vê como o centro do universo, quando na verdade você não é, você tem algumas dificuldades filosóficas. Isto é: morte, doença e desastre. Como é que calamidade poderia recair sobre as “estrelas” da existência? Se o mundo revolve ao seu redor, por que é que tudo não anda do jeito que você quer?

Tornar-se um Cristão é admitir que as coisas não andam assim. Tornar-se um Cristão significa confessar e celebrar Deus como a estrela e assumir nosso lugar como amados, contudo, orbes menores no plano dEle. O resultado é digno de Mestre.

Nós ouvimos menos de, “É isso que eu quero!” e mais de “O que você acha que Deus deseja?” Carreira e negócios se tornam plataformas para o nome de Deus, não nosso. E nossos corpos. Não mais nós dizemos, “Bem, já que é meu corpo eu posso (escolha múltipla) comer o que eu quiser, inalar o que eu quiser, dormir com quem que eu quiser.” Ao contrário, nós percebemos que os nossos corpos foram emprestados por Deus. Como é que nós podemos usá-los para O honrar?

Pode chamar de uma virada de Copérnico. De egocêntrico para centrado em Deus. De auto-promoção para promoção de Deus. A mudança não foi fácil para Copérnico. Até mesmo a igreja lhe deu muita angústia sobre sua descoberta .

A mudança não é fácil para você e eu.
Mas vale a pena, para descobrir seu lugar no universo.

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