de Paul Lee

 

 

Eu tenho a melhor gravata do mundo. Agora, isso pode ser uma surpresa para vocês que me conhecem, já que em geral eu odeio gravatas. Eu não as uso mais. Estou convencido de que elas fazem parte de uma conspiração maléfica – não sei por quem ou para que propósito, mas confie em mim, é maléfica.

Não obstante, eu tenho a melhor gravata do mundo. Não é a mais cara, nem mesmo a mais elegante das gravatas. É roxa. Tem um tipo de estampa. À primeira impressão é uma gravata bastante comum. Mas está longe de ser comum…

É porque, toda sexta-feira minha família se reúne para nossa “Noite de Família.” Nós jogamos jogos ou locamos um filme, talvez vamos a algum lugar especial. É uma noite que nós passamos juntos puramente com o propósito de nos divertir e nos aproximar mais.

Meu filho, Joshua, particularmente adora nossa Noite de Família. É a noite quando nós jogamos o jogo favorito dele – Toque Alguém. Joshua gosta de nomes simples para coisas. Às vezes para o jantar nós temos uma refeição de arroz e carne moída que ele decidiu nomear “Coisa Marrom.” Naturalmente, isso foi adotado como nosso nome para a receita. No caso do jogo, é chamado “Toque Alguém” porque o objetivo é seguir os sons feitos por outros membros da família e tocar em alguém. Daí, o nome. O jogo se torna mais difícil pelo fato de que o “tocador” usa uma venda nos olhos, e fica mais divertido pelo fato de que os “tocáveis” têm que imitar sons de animais (cachorros, vacas, burros). Dá para imaginar como é.

A primeira noite que nós jogamos, nós descobrimos que precisávamos de uma venda. Considerando que eu estava pouco disposto a ir para o supermercado e procurar o departamento de vendas para os olhos, nós improvisamos. Eu agarrei uma (pouco usada) gravata do cabide de gravatas em meu armário e nós jogamos. Foi fantástico! Quando terminamos, eu guardei a gravata. Eu nem me lembro qual gravata foi; nem importava.

Da próxima vez que nós jogamos, eu peguei a gravata roxa. Funcionou admiravelmente. Quando chegou a hora de guardar, não consegui desatar o nó. Eu poderia movê-la de um lado para outro, fazendo o nó mais apertado ou mais solto, mas não pude desfazê-lo totalmente. Aí, nós simplesmente deixamo-la assim, e ela se tornou nossa venda predileta para “Toque Alguém”.

Esta manhã eu vi a gravata na minha cômoda e sorri. Alguns meses atrás, aquela gravata não significava absolutamente nada para mim; não teria provocado nem cara feia nem sorriso, nem mesmo um segundo pensamento. Mas agora, me faz lembrar de infância e gritos de alegria e uma casa cheia de risadas e barulhos alegres de animais. Foi transformada de comum para extraordinária. De fato, eu proponho que é agora a Melhor Gravata do Mundo.

A fé Cristã está cheia de histórias semelhantes. Pães e peixes são transformados por Jesus em símbolos do poder sustentador dele. Pão sem fermento e vinho não são mais só comida e bebida, mas o corpo e o sangue de nosso Salvador. E a cruz – a cruz áspera, humilde, vergonhosa e manchada de sangue – é agora um objeto não de desprezo ou humilhação, mas de poder e glória e sacrifício e libertação. Eu louvo a Deus por isso.

Mas até mais ainda, eu O louvo pelas transformações que eu vejo nas pessoas ao meu redor. Uma pessoa é libertada de raiva, outras de alcoolismo e depravação. A fé de outro cresce diariamente, outro descobre pela primeira vez um relacionamento pessoal com Jesus, mesmo depois de freqüentar uma igreja durante décadas. Deus está trabalhando dentro de todos nós para nos transformar de comum em extraordinário. Ele vê dentro de nós algo que nós não podemos enxergar. Freqüentemente, nós não sabemos por que Ele se preocuparia conosco. Nós até duvidamos que sejamos mesmo merecedores da atenção dele, e certamente nós não conseguimos ver o que Ele quer que nós nos tornemos. Mas Ele vê. Ele sabe. Ele se preocupa.

E isso é extraordinário!

Um pouco como a minha gravata…

 

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