de Shane Alexander

 

 

A maior parte daquilo que pensamos sobre outras pessoas revela mais sobre nós do que sobre elas.

Eu estou trabalhando como técnico esportivo neste ano novamente. Pode ser estressante treinar dois times, mas não quero reclamar muito. Eu amo! Até agora nós só tivemos treinos. Os jogos começam no mês que vem. Uma observação que fiz sobre mim durante este período tem a ver com minhas impressões sobre os jogadores e os pais deles. Mas eu tenho impressões mais favoráveis de uns do que de outros.

Alguns pais saem dos seus carros durante os treinos. Estes ajudam. Eles acabam conhecendo outros pais e outros técnicos. Quando a temporada começa, eles têm prazer em trazer lanches e ajudar no que for preciso. Em outras palavras, eles facilitam o trabalho. Não tem como não gostar mais deles do que de outros.

Alguns jogadores são muito motivados. Eles prestam atenção desde a primeira vez. Eles são treináveis e expandem o talento dado a eles por Deus. Não tem como não gostar mais deles do que aqueles que ficam jogando fora conversa, brincando com celular, e consequentemente mostram menos interesse em aprender o jogo. Não é que eu ache que eles sejam melhores do que os outros garotos. É só que eles tornam meu trabalho mais fácil.

Isso não acontece apenas na atividade como técnico. Todos nós temos opinião favorável em relação àqueles que fazem nossa vida mais fácil. Damos a eles “descontos” que às vezes não damos a outros.

Recentemente eu assisti a um documentário sobre os Hatfields e os McCoys (duas famílias rivais que brigam há gerações). Ambas as famílias desculpavam os atos de alguns de seus membros que continuavam a causar problemas, cometendo atos de violência desprezíveis. Mas como aqueles membros eram bons para eles, eles aturavam o comportamento errado.

Nós nos enganamos se fingimos que nossas opiniões sobre pessoas são estritamente baseadas em como elas são. É mais fácil ignorar os pecados de alguém contra outros do que os pecados cometidos contra nós mesmos. Não estou dizendo que não temos princípios quando se trata de outras pessoas. No entanto, estou dizendo que nossos princípios podem ser flexíveis dependendo de nossa experiência com outros.

Veja o Rei Davi, por exemplo. Samuel veria Davi com melhores olhos do que Natã. Salomão teve experiência com seu pai que foi diferente da que Absalão teve. As opiniões deles sobre o mesmo homem não dependeram tanto do que sabiam sobre Davi, quanto da maneira como eles foram afetados pessoalmente por suas experiências com ele.

É difícil olhar além de nós mesmos, mas às vezes é necessário. Paulo tolerou algumas pessoas que pregavam o evangelho apesar delas não gostarem dele. Eu duvido que ele tivesse bons sentimentos em relação a elas. Parece que ele tinha dúvida dos seus motivos para pregar a Cristo, mas ele olhou além de si mesmo o suficiente para dizer, “Mas o que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro.” (Fp 1:18)

A diferença entre Paulo e a maioria de nós é que Paulo havia se descentralizado na sua própria vida. Ele diz aos Filipenses, “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade.” (Fp 4:12)

Para Paulo, viver era Cristo e morrer era lucro (Fp 1:21). O segredo que ele aprendera foi olhar toda a sua vida através das lentes do evangelho de Cristo. Através daquelas lentes perda pessoal e inimizade perdem sua forma. Elas se tornam realidades alternativas nas quais podemos nos regozijar apesar de sofrimento pessoal.

E se nós começássemos a olhar os outros através das mesmas lentes que Paulo? E se a maneira como experienciássemos outros tivesse mais a ver com o impacto que eles têm no reino de Deus e no progresso do evangelho do que no impacto pessoal conosco?

Eu acredito que a maneira como olhamos para o mundo mudaria drasticamente. Seria mais fácil perdoar outras pessoas – até mesmo aquelas que pecam pessoalmente contra nós. E nos ajudaria a superar nossa falha egocêntrica quando se trata da maneira como vemos os outros.

Veja a imagem especial de 1 Coríntios 13:12. Veja também “De Quem Devemos Falar”
E veja o artigo original em inglês aqui.

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