de Mozart Correia Lima

 

 

Qual a imagem que ficou gravada na sua mente semana passada? Para muitas pessoas foi a cena do zagueiro do São Caetano, Serginho, de apenas 30 anos, caído em campo durante um jogo com São Paulo. Os médicos tentaram reanimar o jogador ainda no gramado onde ele caiu. Foi feita massagem cardíaca, respiração boca a boca. Ele foi levado às pressas para a emergência de um hospital. Mas, nada adiantou.

Mesmo com jogadores de ambos os clubes orando em campo, o coração do jovem jogador não resistiu. Para a tristeza de todos que viram a cena no estádio do Morumbi, ficamos sabendo pouco tempo depois que o Serginho havia falecido de uma parada cardíaca.

Quem consegue entender essas coisas? Quem consegue aceitar?

Jesus é uma das pessoas que não conseguem aceitar. Certa vez alguém observou que Jesus interrompeu todos os enterros que ele mesmo presenciou. Não foi diferente com o amigo dele, Lázaro.

“Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas. Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava.” (João 11:3-6)

A história que segue mostra que Lázaro de fato morreu. E quando Jesus finalmente chegou no lugar onde ele estava, já não havia tempo para que ele pudesse ser curado. E a pergunta natural que faríamos a Jesus é a pergunta gentilmente escondida nas palavras de Marta a Jesus “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão.” (João 11:21)

Marta sabia do grande amor de Jesus pelo irmão dela. Ela não duvidava do carinho que ele tinha pela família. É por isso que ela não questionou a demora dele, mas, por trás das palavras dela está uma pequena dúvida, “por que você não veio a tempo”? Como também às vezes nós gostaríamos de perguntar a Deus, “por que você não curou?”, “por que você não deu mais tempo?”, “por que você deixou essa pessoa tão querida passar dessa vida?”

E como muitos de nós, Marta, apesar das dúvidas e da falta de entendimento ainda tinha fé. É essa fé dela que completa “Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.” Marta acreditava em Jesus e a fé dela era grande – ao ponto de confessar que cria que tudo que Jesus pedisse, Deus lho concederia. Mas, como muitos de nós, a fé de Marta ainda não chegava aonde Jesus queria.

É porque Jesus quer que a nossa fé aumente, que ele continuou a levar a conversa com Marta mais adiante.

– Declarou-lhe Jesus: “Teu irmão há de ressurgir.”
– “Eu sei”, replicou Marta, “que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.”
– Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” (João 11:23-26)

A fé de Marta era grande. Mas, ainda havia algo que ela não era capaz de acreditar. Marta, como muitos judeus daquela época, cria na ressurreição do último dia. Mas, Jesus a surpreende com uma declaração chocante! “Eu sou a ressurreição”. A ressurreição não é algo apenas teórico, para daqui a centenas de anos. A ressurreição é centralizada e realizada numa pessoa e aquela pessoa acabou de declarar a Marta que era com ele que ela estava falando.

É por isso que a pergunta de apenas duas palavras que Jesus faz é tão carregada de sentido. “Crês isto”? Sim, Marta, você crê nas promessas de coisas maravilhosas para daqui a ninguém sabe quantos séculos. Você crê em conceitos, você crê em idéias. Mas, eu quero saber, Marta, você é capaz de crer que numa pessoa só, num amigo pessoal seu, Deus pode realizar tudo isso e muito mais. Marta, crês isto?

Essas não são as palavras de um pregador ou pastor. Essas não são as palavras de mãe para filho. Essas são as palavras de Deus. Só Deus pode dizer uma coisa dessas.

O que é que nos falta crer? Muitos de nós cremos em verdades sobre a Bíblia ou a igreja. Cremos em declarações e fatos, mesmo milagrosos. Mas, como anda nossa fé, nossa confiança na pessoa de Jesus Cristo?

Momentos depois daquela conversa com Jesus, Marta viu o irmão dela, morto havia quatro dias, sair vivo do túmulo. Como foi que o morto voltou a viver e andar? Jesus apenas chamou o nome dele. E ele voltou a viver. Deve ter sido uma cena marcante. Deve ter sido a imagem que todos aqueles presentes jamais esqueceram. Se tivesse canais de televisão, certamente teria repórteres falando o resto da semana do grande milagre que houve em Betânia.

Será que aquela cena, tão chocante quanto a cena da morte de um querido nosso é menos real? Será que é apenas uma fábula, um conto para acalmar crianças? Ou, será que aquela cena de Lázaro saindo do túmulo é mais real ainda do que a mais triste cena que testemunhamos hoje? Se ela é real, ela é mais real porque ela representa a verdade que espera todos aqueles que crêem em Jesus.

As doenças e acidentes e as cenas da própria morte que nós testemunhamos podem nos levar a uma tristeza profunda por crermos que aquilo é o fim de todos nós. Mas, Jesus promete que, todo aquele que crê nEle, um dia, mesmo tendo falecido, sairá do seu túmulo. E, ele promete que todos que crêem, não somente na ressurreição dos mortos, não somente na igreja, não somente na Bíblia mas, que sobretudo, crêem nEle, e que ele é a própria ressurreição e a vida, viverão para sempre. Crês isto?

 

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