de Severino Gomes
Jesus disse “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.” (Marcos 4:26-29 ARA)
Ao contrário do seu tamanho, esta paráboloa de Jesus tem uma grande magnitude. Observe alguns detalhes nesta mensagem do Senhor. Primeiramente, o agricultor não é identificado. Sua participação no processo de crescimento da planta é registrada apenas no começo e no final. Ele apenas semeia e colhe. Vemos também que, o foco da mini-parábola está no crescimento. De acordo com o texto o crescimento é misterioso para o agricultor, “… não sabendo ele como”.
O agricultor não faz idéia de como o processo de crescimento acontece, ele simplesmente sabe que acontece e que pare ele é isto que importa. Percebemos também que o texto atribui este mistério à terra: “A terra por si mesma frutifica…” Como por si só? Curioso é que o termo em grego é automate, a mesma palavra que nos originou o termo automático!
Mas como automático? Qual a causa ou quem o causador do crescimento? Será que é a “natureza” ou “mãe natureza?” Ou para o mundo científico, algo como “leis naturais?” Bem, o nome bíblico para este “mistério” é Deus!
Outros textos esclarecem:
“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR, Deus meu, como tu és magnificente: sobrevestido de glória e majestade, … Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças.” (Salmos 104:1, 14-15 ARA)
“De modo que não importa nem o que planta nem o que rega, mas sim Deus, que dá o crescimento.” (1 Cor 3:7 BLH)
O autor do mistério do crescimento, na plantação ou na igreja, é Deus. Seria inútil apenas ficar analisando este texto e esquecer ou ignorar que o ponto que Jesus está fazendo está relacionado ao crescimento do reino de Deus, da sua igreja na terra. Acredito que esta parábola nem está falando contra, nem a favor de crescimento numérico, mas da nossa participação, como do agricultor, no crescimento do reino.
Note que o papel do agricultor não é fazer crescer, algo que ele pensa misterioso, mas plantar e colher. Ele deixa Deus fazer a parte misteriosa. Esta parte pertence a Deus. Na Igreja, nossa parte é plantar a palavra e depois voltar para colher. Deixe Deus ser Deus, ou seja, deixe Deus agir no seu tempo e ao seu modo, misteriosamente.
Minha preocupação vem quando começamos a trocar algumas coisas no processo. Quando nem plantamos, muito menos colhemos, mas esperamos crescimento! Ou, quando queremos plantar, colher, e fazer crescer! (Tomar o lugar de Deus). Ou, ainda quando tentamos sondar e analisar todos os pormenores de como o crescimento ocorre à ponto de esquecermos para que fomos chamados. Por mais que tentemos compreender como Deus atua no mundo, ainda vai continuar a ser um mistério, acredito.
Jesus está nos chamando a fazer nossa parte no reino, não a de Deus. Jesus está nos chamando a fazer o que está dentro do nosso alcance e compreensão. Mas, o como, o automate, deixemos com Deus. Depois que semeamos a palavra da salvação, vamos esperar pela segunda parte. Depois que você trata seu vizinho ignorante com carinho e paciência, espera pela segunda parte. Depois que você visita e ajuda um amigo endividado, espera a segunda parte. Deixe Deus agir, mas somente depois que você fizer o que está ao seu alcance.
Um última observação: esta parábola única em Marcos traz uma mensagem sutil: o crescimento do reino é um trabalho que funciona em parceria conjunta entre o homem e Deus. Só resta a nós responder à pergunta: será que temos feito a nossa parte? A igreja tem feito a sua parte? Porque Deus está sempre fazendo a dEle.
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